sábado, 15 de janeiro de 2011

Como Pó Jogado ao Vento

Segunda Parte: Impossível de se viver sem
Já haviam passado duas semanas. Duas semanas desde que ele se foi, duas semanas desde que ela estava se sentindo daquela forma.
Ela estava, uma vez mais, parada no jardim do hospital completamente penetrada em seus pensamentos.
O que será que acontecera com Caio? Ele estava bem? Ele estaria bravo com ela?
Ela suspira e, automaticamente, leva a mão direita ao rosto. Ela continua ali, perdida em seu mundinho quando ouve um grande barulho. Ela volta para dentro do hospital e, avistando Sara, pergunta à mesma:
-Que ta acontecendo?
-Não sei direito...
-Mas o que é essa barulheira toda?
-É só o pessoal da ambulância, você sabe que eles sempre fazem essa barulheira... – Ela pega um papel do bolso – Falando na ambulância... Que você acha de ficar nela hoje no meu lugar?
-Mas eu já to na ambulância hoje... Você troco comigo semana passada, lembra?
-Aé! – Ela dá um beijo do rosto da amiga – Boa sorte então, os caras tão aqui porque teve um acidente de carro! Vai lá perua!
Natalia lança um sorriso para a amiga, seguido de um aceno enquanto a mesma ia embora. Ao perder a garota de vista, ela vai em direção ao pessoal da ambulância.
-Você é a enfermeira? – Disse um dos homens.
-Sim.. – Falou ela – to no lugar da Sara Gonns.
-Tá certo, então. Vai lá fora que já tem uma saindo! Um carro virou e o cara ta preso.
-Poutz! – E ela corre em direção à ambulância que a aguardava.
-Okay enfermeira... – Diz o homem ao volante.
-Natalia. - Ela o interrompe.
-Enfermeira. – ele insiste – Cinco minutos pra chegarmos lá.
A garota bufa de raiva e, em seguida, o outro homem que estava no carro com ela a conforta com um sorriso gentil seguido de um aperto de mão.
-Me chamo Robson. E esse ignorante que ta dirigindo é o Kaique. – A garota se manteve em silencio, o observando – Prazer... É Natalia, né?
-Sim... – E, antes que eles pudessem pensar em mais algum tipo de dialogo, a ambulância chega ao local do acidente.
Era um porshe vermelho que havia desviado de uma criança e caído de ponta-cabeça graças à velocidade que o carro se encontrava. Ele havia ido de encontro há um poste e o mesmo se encontrava por cima do carro. Realmente, era uma cena horrível de se ver e, mesmo assim, uma grande multidão de curiosos cercavam o local demarcado pela extremidade que a policia local determinara.
Natalia correu para perto da multidão para socorrer a criança, que não tinha muitos ferimentos, só um arranhão ou dois. Depois, foi falar com um dos policiais:
-E os bombeiros?
-Foram chamados, mas o corpo de bombeiros fica longe daqui.
A morena olhou para o carro e, de repente, notou certas semelhanças no mesmo. Ela correu para perto do carro e, não para sua surpresa e sim para sua mais profunda dor, notou que quem estava no banco do motorista era ninguém mais ninguém menos do que seu namorado, Caio.
-Puta que pariu! – Exclamou a garota pouco antes de cair por sobre suas pernas. As lágrimas já rolavam em sua face quando Caio virou o rosto devagar em sua direção.
-Eu... Me desculpa. – Disse, com esforços.
Natalia mal ouvira o que ele dissera, ela apenas encarava o estado dele. Ela levanta, enxugando as lagrimas, e começa a berrar com as pessoas do local.
-QUE PORRA VOCÊS QUEREM AQUI? NÃO É UM SHOW IDIOTA NÃO! VÃO EMBORA, CARALHO! E VOCÊS, PORRA? NÃO VÃO FAZER MERDA NENHUMA NÃO? PUTA QUE PARIU, PRA QUE SERVEM ESSES MERDAS DESSES POLICIAS? VÃO EMBORA, ENTÃO! NÃO TÃO AJUDANDO EM NADA, CARALHO!
No meio tempo disso, Robson se aproxima da garota.
-Ei ei, por que essa exaltação toda? Ta chorando?
-É o Caio ali! Porra, é o filho da puta do Caio ali! O porra, o merda, o imbecil... o meu namorado, saco! – Disse, já com lagrimas escorrendo por seus olhos.
-Agente não vai poder fazer nada, Natalia. – Diz o homem – Não dá pra tirar ele do carro sem a ajuda dos bombeiros.
-E agente vai ficar parados, sem fazer porra nenhuma??
-Por favor, não se exalte... Isso só vai deixar o homem no carro mais apavorado.
-Ele ta apavorado?
-Sim... Acho que você nunca veio para uma situação dessas, to certo? – A garota assentia com a cabeça – É sempre bom acalmar o paciente, não importa a situação. Como você é próxima dele, acho que seria bom você ir até lá.
Ela o encara com os olhos cheios d’agua. Por que isso estava acontecendo, justo com ela?
Natalia fica, por alguns instantes, imóvel. Não queria acreditar que era verdade. Era um sonho! Ela tinha que estar sonhando, certo? Afinal, ela tinha o emprego perfeito, o namorado perfeito, o amante perfeito... Como tudo pode acabar tão rapido? Como a felicidade dela pode desaparecer tão rapidamente assim?
Mas, será que isso realmente lhe importava? Será que o fato que acontecia agora não era mais importante do que negar o que, de fato, acontecia? Será que se ela parasse de se fazer tantas perguntas e, simplesmente, agir as coisas seriam um pouco melhores? E, no fim de tudo, será que ela poderia, novamente, ser feliz? Novamente ter um sorriso no rosto e viver a vida nas nuvens?
Após tantas indagações, Natalia anda, lentamente, em direção ao carro. Ao chegar perto da janela do carro, ela agacha no chão e encara o homem que ali estava.
-Oi. – Disse ela. – Não vô pergunta se ta tudo bem com você ou aonde você tava... Eu não quero saber. – Ela para um pouco de falar – Mas... O que eu quero saber... O que eu quis, todos esses dias, te perguntar... – Ela começa a chorar – Era se você me perdoa... Você me perdoa, Caio? – Ela o encara. Ele se mantém em silencio, totalmente surpreso com as lagrimas da garota.
-Eu não sei. – Ele tinha um pouco de dificuldade para falar, mas não queria se manter em silencio – Você não tem idéia da forma que eu me senti naquele dia, e no dia seguinte, e no outro também... Você não sabe a gigantesca vontade que eu tive de procurar esse cara e bater nele até eu matá-lo, ou , até mesmo, até que o rosto dele ficasse tão irreconhecível que ninguém descobriria que era realmente ele só olhando. Você não sabe de nada e, mesmo assim... Mesmo assim você vêm aqui pedir o meu perdão...
-Eu sinto muito. – Ela murmura.
-Não, você não sente. Aposto que você não se arrepende de ter estado com aquele outro homem enquanto jurava amor à mim.
-Eu nunca menti sobre isso!
-Você disse que me amava!
-Eu te amo, porra! Você acha que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Você é o amor da minha vida, ele foi apenas uma paixãozinha idiota...
-E foi essa paixãozinha que estragou o seu amor.
-Não fala besteiras! Você acha que se eu não te amasse tanto assim eu teria ficado pensando na merda que eu fiz? Você acha que eu não amaldiçoaria a minha própria pessoa por causa disso? – Caio fica em silencio – Vai, me responde! Enquanto você queria socar o Marcos, eu queria socar a mim mesma! Eu admito, eu não me arrependo de ter o beijado, de ter feito amor com ele! Eu realmente não me arrependo de nada disso! Mas sabe do que eu me arrependo? Me arrependo de não tem pensado uma segunda vez! Me arrependo de não ter pensado em como eu poderia te machucar fazendo isso! Porra, é tão difícil assim de entender?
-E essa foi nossa primeira briga. – Disse ele, enquanto olhava para ela co um sorriso nos lábios. – Acho que é a primeira vez que você diz com tanto fervor que me ama...
-Esquece isso... A prioridade é tirar você daí.
-Tinha até esquecido que bati o carro! – Ele brinca.
E eles continuam jogando conversa fora por um ou dois minutos enquanto esperavam os bombeiros. A hora da chegada dos mesmos chegara.
Eles tiraram Caio do carro e, ainda na maca e com os olhos entreabertos, ele puxa Natalia para perto de si e murmura para ela:
-Você foi tudo que eu sempre quis. A coisa mais importante que já pude chamar de minha... Você me manteve nas alturas e me levou ao inferno tão rápido que a dor de um se tornou a alegria do outro... Eu te amo, mais do que tudo... E é por isso que eu te peço que siga em frente, não importando o que venha a acontecer.
-Por que ta dizendo isso?
-É só que... – Ele continua – Eu não acho que vamos ter uma segunda... Briga. – E ele parou de falar.
Natalia, que estava debruçada sobre ele, esperava o mesmo continuar a falar. Ao levantar de seu peito e olhar em sua face, notou que ele já não estava mais ali.
Acabou deixando que os paramedicos o levassem para dentro da ambulância e, automaticamente, ela correu. Ela correu na esperança de deixar aquele sentimento para trás, ela correu na esperança de não sofrer mais. Sim, ela corria com os olhos encharcados de lágrimas.

Um comentário:

  1. ow! tem um selo lá pra você:

    http://panicopsicotico.blogspot.com/2011/01/selo.html

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